Alergias oculares
Alergias no quadro da secura ocular
As
alergias são muitas vezes associadas a patologias da superfície ocular e, em
particular à secura ocular. No mínimo, é verosímil que a falta de lágrimas
aumente a concentração de alergenios no olho, pois limita a sua evacuação pelos
meios naturais e acentue a inflamação da alergia.
Segundo parece, um grande número de pessoas que sofre de olho seco são sensíveis
a alergias oculares e é possível que exista, por vezes, uma relação com as
patologias palpebrais, nomeadamente a meibomite, blefarite, rosácea, etc…Por
vezes evoca-se a alergia como a causa de algumas securas mas é difícil de
determinar a fronteira exacta entre as duas patologias em alguns casos.
A
alergia e a secura têm mecanismos inflamatórios que se acentuam mutuamente.
Contudo, é certo que em alguns casos as alergias complicam o diagnóstico e os
tratamentos de numerosas patologias da superfície ocular.
O
facto dos anti-histamínicos terem, por vezes, uma acção secante das mucosas e
dos colírios anti-histamínicos terem conservantes irritantes, tóxicos e com
impacto na secura conduz a que os tratamentos das alergias para os portadores de
síndromes de olho seco sejam muito difíceis, reduzindo as opções
terapêuticas…por vezes a nada. A solução parece simples: identificar as
moléculas anti-histamínicas com menos efeitos de secura e propor os
anti-histamínicos eficazes numa versão sem conservantes.
As patologías alérgicas do olho
A
alergia ocular tem vindo a tornar-se, nos casos mais ligeiros, numa banalidade e
de uma frequência muito elevada. Sem dúvida, o resultado do aumento da proporção
de alergias e de outros factores que potenciam estes fenómenos, como a poluição
interior e exterior, a gestão catastrófica do nosso ambiente. Os alergenios como
os pólenes, os ácaros, por vezes certas substâncias químicas que provocam
intolerâncias, produtos cosméticos, pelos e plumas de animais, etc…Assim, por
exemplo, é evidente que se tantas pessoas são alérgicas aos pólenes dos
plátanos, é porque existe uma omnipresença massiva destas árvores nas cidades e
ao longo das estradas. Um fenómeno similar explica também a explosão de alergias
às ambrósis e os ciprestes que são por vezes utilizados como ornamento. É certo,
que as associações de defesa de árvores nas cidades protegem estas espécies,
contudo de um ponto de vista sanitário e de saúde, nada justifica a presença de
qualquer espécie de alergenios concentrados nas cidades. É necessário apostar
numa gestão sã do parque arborícola das cidades
Pela
primeira vez, pelo menos do nosso conhecimento, no estado de Conecticut nos EUA
um bebé alérgico em que a sua vida estava ameaçada por árvores alergenas obteve
o direito de as arrancar (e nada impede a sua substituição por espécies menos
nocivas do ponto de vista de saúde pública).
A
asma e a alergia ocular grave têm repercussões e uma tal frequência que estes
aspectos devem ser tomados em consideração na gestão das cidades.
Apresenta-se uma imagem de uma pálpebra com uma alergia com formação de papilas
por Dr. Edouard Benois..
O
site
http://www.vegetation-en-ville.org/
mostra bem que os poderes públicos deviam interessar-se sobre este
assunto, sob pena da factura em termos de saúde e de handicaps profissionais
aumentar significativamente.
Em
todos os casos existe uma alergia, ou seja uma reacção imunitária excessiva
devido a uma produção de IgE com produção de histamina, de prostaglandinas, de
leucotrienes e quinimas. Os corpos (e o olho em especial) vão também reagir ao
que vão interpretar incorrectamente como uma agressão já que na maior parte dos
indivíduos não têm qualquer manifestação.
Dois tipos de alergias frequentes, as quais representam mais
de metade das alergias oculares, são associados a fortes taxas de IGE nas
lágrimas:
-
A conjuntivite alérgica,
que é uma reacção inflamatória da conjuntiva (membrana
fina que cobre o olho e o interior da pálpebra) similar à rinite alérgica com a
qual tem pontos comuns e está por vezes relacionada. Os olhos podem ficar
vermelhos, com a sensação de queimadura, picaduras ou de arranhados. A
luminosidade é difícil de suportar (fotofobia). As pálpebras tornam-se vermelhas
e inchadas, pode acontecer o inchaço da conjuntiva (chemosis), ser visível uma
marca mais escura no contorno dos olhos e a secreção de mucos. Este tipo de
alergia afecta pouco a córnea, é forma mais frequente e menos grave de alergias
oculares. Esta reacção de tipo I é muitas vezes devido a abundância de pólenes
na Primavera e no Verão. Utiliza-se o termo de kerotoconjuntive alérgica pois
afecta igualmente a córnea e não apenas a conjuntiva.
-
A conjuntivite peranual
que dura todo o ano é resultante da presença de ácaros ou
pelos de animais na casa onde habita a pessoa com a alergia. Geralmente,
trata-se de uma forma ligeira, sendo de algum modo uma variante da conjuntivite
alergia, com a qual partilha a maior parte dos sintomas.
Mas
existem outros tipos de alergias mais raras e mais graves que continuam pouco
conhecidas da população em geral. Parece que combinam uma sensibilidade do tipo
I e do tipo IV:
-
A
conjuntivite vernal é uma forma essencialmente masculina
e infantil que desaparece muitas vezes na adolescência. Trata-se de uma forma
grave de alergia ocular pois por vezes conduz a ulcerações que comportam sempre
um risco de perda visual importante e definitiva. Estas ulcerações situam-se
muitas vezes na parte superior da córnea e formam-se papilas sobre a conjuntiva
principalmente sobre a pálpebra superior.
-
A
conjuntivite atópica encontra-se essencialmente nos
sujeitos com predisposição atópica (eczema, asma e outras manifestações
alérgicas) sobretudo em sujeitos do sexo masculinos com idades compreendidas
entre os 30 a 50 anos. É uma forma grave de
alergia que pode conduzir à ulceração a qual comporta um risco de perdas visuais
significativas e definitivas.
Keratos está registada junto da Orphanet como associação que trabalha sobre as
duas patologias anteriores
A conjuntivite giganto-palpebral
está associada, muitas vezes, ao uso de lentes de
contacto (ou à presença de um outro corpo estranho no olho) e por vezes
relacionado com os conservantes das soluções para limpar as lentes. Esta
conjuntivite provoca papilas enormes nas pálpebras, sobretudo nas pálpebras
superiores.
As
patologias alérgicas
As
consequências sobre os olhos são:
Eczema palpebral: trata-se de
uma reacção alérgica da pálpebra devido a colírios e maquilhagem
em grande parte dos casos.
Apresenta-se um exemplo de uma pálpebra com eczema por
Dr Edouard Benois.
-
Blefarite alérgica: Trata-se de
uma inflamação das pálpebras devido a pólenes, medicamentos, creme, maquilhagem,
cujas consequências sobre os olhos são muitas vezes subestimadas. Pode provocar
uma inflamação das glândulas do meibomius e perturbar a camada lipídica das
lágrimas e consequentemente a sua estabilidade.
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