A definição deste “mal” é por si mesmo
causa de complicações, sobre a qual por vezes não existe consenso entre os
autores. Tal revela também que o mecanismo que está na origem do olho seco é
ainda pouco conhecido e sem dúvida insuficientemente pesquisado. O próprio nome
dado a este mal revela divergências e insuficiências: olho seco, queratite
seca, xeroftalmia, secura ocular. Todavia,
apresentamos algumas das definições que nos parecem mais adequadas:
"A superfície ocular, as glândulas
lacrimais principais e acessórias, as glândulas do meibomius e as conexões
neurais que se inter conectam formam uma unidade
funcional que deve justamente funcionar em conjunto.
A disfunção de uma destas estruturas reflecte-se assim na inadequação do volume
e/ou da composição lacrimal necessária à reparação dos numerosos danos
provocados pelas múltiplas agressões às quais os olhos são constantemente
submetidos, que incluem a acção de microorganismos ou mesmo a acção de
pestanejar” (Stern e Al).
Segundo Murube (célebre oftalmologista
espanhol), a definição mais precisa da síndroma de olho seco é que consiste em
"um desajuste entre a qualidade ou a composição das lágrimas e as necessidades
da superfície ocular”. O autor sugere a substituição da expressão “olho seco”
por “disfunção lacrimal”.
Segundo outros autores trata-se de uma
"perturbação associada a uma deficiência da produção lacrimal e/ou excesso da
evaporação que causam “desconforto” ocular e danos em particular na superfície
inter palpebral (Lemp e Al). Ao que outros autores acrescentam que os danos
oculares podem estender-se para além da superfície inter palpebral em direcção
da zona superior do globo e que apenas a instabilidade lacrimal basta para
estabelecer o diagnóstico do olho seco, mesmo na ausência de danos oculares.
Recentemente, um painel
de especialistas
deste campo da oftalomogia
decidiu rebaptisar a secura ocular ou o termo mais usual de olhos secos
(dry eye) por DTS ou dysfunctional tear syndrome (que
ainda não tem tradução em português mais que poderia ser sindroma de
disfunção lacrimal). Curiosamente
este termo é bastante próximo do termo, que nós próprios (associação
Keratos) utilizávamos há mais de um ano e meio!
Prova que lemos os bons autores e que
não
dizemos apenas asneiras ;-)
Na realidade, este novo termo não
cobre todos os aspectos da "secura ocular" e nomeadamente os aspectos
neurológicos e palpebrais (apenas engoba as glândulas que situam nas
palpebras). Neste contexto a dificuldade de baptisar revela seguramente
a complexidade da questão. Todavia, esta definição e terminologia
empregue, permite de uma noção importante do olho seco, qui
frequentemente não resulta apenas de uma diminuição da quantidade
de lágrimas mais sobretudo de lágriams de má qualidade, fragéis, por
vezes inflamatórias, irritantes e tóxicas, que accentuant a dôr e a
évaporação.
Em conclusão, agora que este sindroma
horrivél está um pouco melhor definido, esperemos também que seja melhor
estudado, considerado e sobretudo tratado.
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