Doenças Auto-immunes
Apresentamos alguns exemplos de doenças auto-imunes que podem conduzir à
síndrome de secura ocular.
Artrite (ou poli artrite) Reumatóide
e outras doenças reumatismais
A poliartrite reumatóide é
uma doença crónica que provoca dores, vermelhões, inchaços ou
dilatações, sensação de calor e rigidez das articulações (mãos, pés e
pulsos) e que muitas vezes em estados avançados provoca a destruição das
articulações. Como em qualquer doença auto-imune o sistema imunológico
ataca certas partes do corpo provocando uma inflamação crónica dos tecidos
(principalmente dos tecidos conjuntivos), mucosas e outros órgãos, como os
olhos, pulmões e coração. A doença surge em pessoas com mais de 15 anos,
antes desta idade a doença ataca sob outras formas como artrite crónica
juvenil. Os sintomas variam muito, algumas pessoas sofrem de uma forma
ligeira, na qual as inflamações ou as dores articulares são ocasionais
(episódios),
depois de períodos de inactividade (remissões), mas outros casos a doença
permanece activa e continua a agravar-se progressivamente.
As
articulações apresentam um inchaço crónico, sobretudo nos pés e mãos, que
são sujeitas a uma destruição progressiva da cartilagem e dos adjacentes
provocando progressivamente deformações simétricas.
A
síndrome de secura ocular pode surgir no quadro desta doença em que a
inflamação crónica atinge o sistema lacrimal. Actualmente não existe cura
para esta doença. Salientamos que apenas o quadro de secura ocular está no
âmbito de actuação da Keratos.
Lúpus
O termo
designa várias doenças auto-imunes crónicas. A doença pode surgir sob
várias formas:
-
Lúpus
erimatoso sistémico: forma mais frequente e mais grave. Neste caso
o sistema imunológico é perturbado e produz anticorpos que atacam os
tecidos saudáveis de diferentes partes do organismo. Os sintomas
característicos são causados pela inflamação destes tecidos,
principalmente a pele, músculos, articulações, coração, pulmões, rins e
vasos sanguíneos e sistema nervoso. O lúpus apresenta-se fases de grande
intensidade e fases de remissão dos sintomas.
-
Lúpus
erimatoso discoide e erimatoso cutâneo. Os sintomas
primários destas duas formas são erupções cutâneas e uma sensibilidade ao
sol. De qualquer modo, cerca 10% das pessoas que sofrem destas formas
podem vir a ter um dia os sintomas do lúpus erimatoso sistémico
-
Lúpus induzido
por um tratamento/medicamentos, ou seja iatrogèno.
A
síndrome de secura ocular pode surgir no quadro desta doença, sendo apenas
este que está no âmbito de actuação da Keratos.
Maladie du Greffon (contre l'hôte -
GVHD en anglais)
Trata-se de uma reacção
imunitária das células transplantadas contra os organismos do receptor,
isto pode acontecer em quem fez um transplante de medula óssea, que é por
vezes necessário em certas leucemias ou doenças tóxicas e infecciosas da
medula. Em caso de rejeição esta doença exprime-se de várias formas mas
severas nos primeiros meses depois do transplante e depois como doença
crónica.
A gravidade pode igualmente
variar segundo os indivíduos mas em casos muito extremos envolve o
prognóstico vital do paciente. A doença consiste em algumas células do
sistema imunitário (os linfócitos T e as citoquinas) do dador não
reconhecerem os tecidos do paciente sujeito ao transplante e por isso
mesmo atacarem as células e os tecidos principalmente a pele e as mucosas,
e dentro destas geralmente afectam as glândulas oculares.
A implicação ao nível das
mucosas entra num quadro de secura bucal e ocular do tipo da síndrome
Gougerot-Sjögren. Ao nível ocular as implicações são caracterizadas por
uma queroconjutivite seca com irritação e fotofobia, ainda que por vezes
aparentem ser assintomáticas ao nível do teste de Schirmer. Os
sinais oculares severos manifestam-se entre a 2ª e a 4ª
semana depois do transplante : blefarite, conjuntivite e queratites. As
glândulas lacrimais acessórias são muitas vezes destruídas. A evolução
pode ser marcada nos casos mais graves por episódios de ulceração,
neovascularização com opacidade da córnea e até mesmo perfuração.
Mais uma vez, se salienta que a acção da Keratos apenas engloba o aspecto
ocular desta patologia.
Sjögren-Goujerot
Doença sistémica
caracterizada por uma doença das glândulas exócrinas, em particular das
glândulas lacrimais (xeroftalmia) e salivares (xerostomia). A secura da
pele (xerose) é mais rara, ainda que esta síndrome de Goujerot Sjigren
pode manifestar-se por uma secura das mucosas (nariz, vagina,
brônquios,..). A doença afecta mais as mulheres que os homens. Muitas
vezes, esta doença está associada a outra doença auto-imune: lúpus
erimatoso, poliartrite reumatóide.
Mais uma vez, se salienta
que apenas o aspecto ocular está no quadro de acção da Keratos.
Diabetes
Doença auto-imune ligada à
incapacidade de regular os níveis de glicemia (açucares) no sangue. A
glicemia é controlada pela insulina, hormona produzida pelo pâncreas,
podendo suceder duas situações: a hormona começa a ser produzida em
quantidades insuficientes; as células começam a ser resistentes á acção da
insulina. Em ambos os casos são manifestações da doença de diabetes.
A quantidade de açúcar no
sangue e na urina aumenta mas as células não têm o seu carburante
essencial para a sua actividade e regeneração.
Existem vários tipos de
diabetes:
-
Diabetes tipo I ou juvenil;
-
Diabetes tipo II o qual é o mais
frequente e afecta geralmente pessoas com tendência à obesidade;
-
Diabetes tipo III que é muito raro
com causas diversas;
-
Diabetes associado à gravidez.
Os sintomas podem ser :
-
Fadiga ;
-
Dificuldade de concentração ;
-
Visão turva;
-
Dificuldades de cicatrização ;
-
Transpiração intensa ;
-
Sede intensa ;
-
Micção intensa ;
-
Fome insaciável ;
-
Perda de peso,
-
Fraqueza muscular
-
Problemas comportamentais ;
-
Perda de sensibilidade e
formigueiro;
As diabetes consistem em uma
doença muito frequente e que tem vindo a crescer exponencialmente. Como já
se referiu, a doença pode ter várias implicações nomeadamente ao nível
ocular, sendo as consequências mais conhecidas ao nível da retina,
(situação não abrangido pela acção da Keratos) mas podem também existir
consequências ao nível das síndromes de secura ocular e dificuldades de
cicatrização, ligados principalmente a uma neuropatia periférica.
A perda de sensibilidade
conduz a uma tendência a ulcerar, fenómeno que pode ocorrer nas córneas,
pois a perda de sensibilidade leva a uma perda da capacidade de defesa e a
dificuldades de cicatrização. Trata-se um processo próximo às outras
patologias neurotróficas da córnea.
Segundo um estudo canadiano,
cerca de 37% de diabéticos tem uma forma de secura ocular mais ou menos
ligeira, pelo que as pessoas que sofram desta doença devem não só
controlar o estado da retina e da pressão ocular como também o estado da
superfície ocular.
Para mais informação ver o
capítulo sobre
queratites neurotroficas.
Ver igualmente a secção de
testemunhos sobre as consequências oculares de algumas doenças auto-imunes
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